domingo, 2 de agosto de 2009

JUNTOS RESISTIMOS. SEPARADOS NÓS CAÍMOS!

Antes que o Gilmar Mendes decida também "sacanear" com o Hino Nacional, vamos mostrar a ele que faremos valer a seguinte estrofe: Verás que um filho teu não foge à luta!


Divulgar notícia é um privilégio e uma responsabilidade. Os meios de comunicação definem hoje que tipo de notícia é que deve ser veiculada e qual o tratamento a ser dado. Ao jornalista cabe garantir que o principio ético da notícia seja mantido, que ela não seja distorcida e que chegue ao leitor/ouvinte/telespectador/internauta o mais próximo da verdade e da realidade, se possível mostrando todos os aspectos de como ela vai atingir a todos.


A bem da verdade, o cidadão fica à mercê do interesse dos proprietários de veículos de comunicação sobre o que e de que forma é noticiado. Sem ter a informação integral e no contexto em que os fatos acontecem, ao homem comum aparecem as noticias editadas e, não raramente, de uma forma em que parece estar tudo dentro da ordem, em conformidade com os interesses vigentes e constituídos. Mas apenas parece e a realidade vem à tona apenas quando aparecem os escândalos como se fossem algo mais comum e deixa uma falsa indignação no ar, sendo surpreendido e esquecido por um outro escândalo, deixando de lado os envolvidos no anterior. Usa-se um escândalo para abafar outro.

Em um país em que o hábito da leitura é quase inexistente, interpretar os fatos mediante ao que é apresentado é praticamente impossível. Se é assim quando tem jornalistas graduados, diplomados, imagine então quando não há? Os fatos são distorcidos, claro.

Mais do que vilipendiar uma categoria que sempre prestou serviços inestimáveis à sociedade, mais do que rasgar um documento sonhado por muitos, Gilmar Mendes, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), instância máxima da Justiça, rasga também a Constituição Federal. Pior ainda, ele não apenas entra na contramão da história como entra na contramão do progresso. Ele cospe na bandeira nacional, onde lá está escrito Ordem e Progresso. Lembrando que desrespeitar símbolos nacionais é crime.

Em um momento em que todos os setores econômicos buscam a especialização da mão-de-obra, buscam mais qualificação para os seus profissionais, Gilmar Mendes acena com o atraso, o retrocesso, com a volta à Idade Média, mostrando não apenas sua mentalidade tacanha, mas também sua miopia cerebral. Deve estar certamente mais preocupado com a defesa aos assaltantes do erário publico no caso da Operação Satiagraha, quando fez a defesa veemente do banqueiro Daniel Dantas avalizando os pedidos de relaxamento de prisão do mesmo.

Neste episódio já deu pistas de quem ele está defendendo. Também mostra, no caso dos jornalistas, que está ao lado das empresas de comunicação. A população não sabe, mas há uma guerra silenciosa e covarde nos veículos de comunicação. A ética jornalística contra o interesse dos empregadores. Eles são os donos, então quando o jornalista não segue as determinações, é colocado para fora. Mas para fora mesmo, já que receberá a pecha de elemento subversivo e, portanto, terá poucas oportunidades de se recolocar no mercado do que chamamos de grande mídia. Logo será substituído por um capacho de rendez vouz.

Começou com os jornalistas e a última vítima da sanha assassina contra a classe trabalhadora de Gilmar Mendes foram os profissionais de Educação Física. Agora o seu personal trainer, o seu instrutor na academia de ginástica, pode ser qualquer curioso. O que pode lhe causar algum problema sério de saúde. A bola da vez são os músicos.

E se o senhor Gilmar Mendes quiser processar alguém, vale ressaltar que falar a verdade não é falar mal. E também se ele assim o fizer, tanto quanto melhor, porque será uma admissibilidade de culpa dos seus reais interesses e a quem ele está defendendo.

Para quem ainda não observou o episódio pela ótica do eventual desemprego gerado na categoria dos jornalistas, deve atentar para o fim da atividade-fim dos cursos de Comunicação Social pelo país afora, o que gerará mais desemprego, deve atentar para algo ainda mais grave e tenebroso: o desmantelo da sociedade civil organizada, a tentativa de amordaçar as classes no seu fundamento representativo, os sindicatos. Sem resistência organizada, estaremos mais ainda a mercê de grupos com interesses excusos.

E para os colegas jornalistas, vale também salientar que chegamos a este nível devido ao alto grau de desmobilização por um motivo puro e simples: deixamos a fogueira das vaidades reduzir a cinzas o nosso espírito de corpo. Nos fragilizamos quando olhamos mais para os nosso umbigos e deixamos de ser solidários uns aos outros. Juntos resistimos, separados, nós caímos.


Robson Franco
Jornalista ainda nãograduado que acha indispensável
o diploma de Jornalismo para exercer a profissão

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